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Barbara Carine

Querido estudante negro

  • Sarah Carlosmembuat kutipan4 bulan yang lalu
    Em outras palavras, a história da humanidade coincide com a da gênese e a da diáspora africana, então, obviamente não faz o menor sentido acreditar na narrativa hegemônica de que a história do negro no mundo começa com a escravidão.

    a história da humanidade está profundamente ligada à origem e dispersão africana, tornando absurda a ideia dominante de que a história dos negros no mundo começa com a escravidão.

  • Sarah Carlosmembuat kutipan4 bulan yang lalu
    Aprender a verdadeira história do continente africano, na contramão da história de mazelas que sempre acessei pelas mídias e espaços educacionais formais, foi importantíssimo para a construção de uma nova subjetividade repleta de autoestima, identidade e senso de pertencimento ancestral. Uma pena que tenha sido sempre por vias de estudos não estabelecidas pelas instituições, buscas exclusivamente minhas, em geral movidas por impulsos pessoais de emancipação. Mas imagina se fossem estudos sistemáticos organizados de modo curricular pela escola e pela universidade? O impacto seria gigantesco. É por isso que hoje eu luto pela inserção desses conhecimentos de positivação existencial no currículo escolar, para que a juventude negra acesse desde cedo a alegria de ser negra que eu só conheci quase aos trinta anos. Todos os projetos da minha vida hoje giram em torno dessa valorização de memórias ancestrais em relação ao nosso povo.

    O texto reflete uma jornada transformadora do autor, que encontrou na verdadeira história do continente africano uma fonte de autoestima, identidade e pertencimento. A reflexão sobre como essa descoberta poderia ter sido mais impactante se feita através de um ensino formal é profunda e aponta para uma necessidade urgente: a inclusão desses conhecimentos no currículo escolar. A luta do autor para que a juventude negra tenha acesso a essas riquezas culturais desde cedo é comovente e essencial, mostrando o compromisso com a valorização das memórias ancestrais e a construção de um futuro onde a identidade negra seja celebrada e reconhecida.

  • Sarah Carlosmembuat kutipan4 bulan yang lalu
    genocídio cultural do qual fala Abdias Nascimento na obra O genocídio negro brasileiro certamente inspirou o conceito de epistemicídio cunhado dentro das perspectivas decoloniais décadas depois. Mas não há qualquer referência nesses estudos à obra desse importante autor brasileiro.

    .Esse trecho destaca a influência de Abdias Nascimento no conceito de epistemicídio, presente nas perspectivas decoloniais. No entanto, aponta uma lacuna importante: a falta de reconhecimento e referência à obra de Nascimento nesses estudos, apesar de sua contribuição fundamental para o entendimento do genocídio cultural negro no Brasil.

  • Sarah Carlosmembuat kutipan4 bulan yang lalu
    Veja você, estou concluindo a escrita de uma tese de quase trezentas páginas, mas ainda assim não me sinto intelectual, não me sinto escritora, não me sinto pesquisadora; sinto-me impostora, a minha impressão é de que cheguei até aqui por sorte ou porque os outros permitiram por caridade. Vivo uma grande crise com o que eu produzo, já que, apesar de ser uma teoria crítica, percebo que é uma crítica sem ser racializada em nenhum momento, ou melhor, ela é, sim, racializada, mas a partir da perspectiva branca.

    Esse trecho expressa um sentimento de inadequação, onde a autora se sente uma impostora, mesmo após tanto esforço. Ela se vê em crise por perceber que sua crítica, embora bem intencionada, ainda está moldada por uma perspectiva racializada branca, o que a faz questionar o real impacto de seu trabalho. É uma reflexão profunda sobre as dificuldades de encontrar uma voz autêntica em meio a um ambiente que muitas vezes não reflete sua realidade.

  • Sarah Carlosmembuat kutipan4 bulan yang lalu
    Uma coisa que eu gostaria de comentar, meu amigo, é que é bom a gente refletir depois de concluir a graduação, a felicidade é bem-vinda e os elogios também, mas não há discurso meritocrático aqui não. Conseguimos, nos esforçamos, mas se não fossem as pessoas nos ajudando de todas as formas, como eu te contei aqui, certamente hoje seríamos outros a compor o exército da desistência. Você sabia que apenas 10% das mulheres negras que ingressam na universidade concluem a graduação? É um dado gritante, que reflete o quanto a universidade no Brasil ainda hoje é altamente masculina e branca. É um fato que não revela a ausência de uma capacidade cognitiva de mulheres negras, mas um sistema que, como você viu com a minha trajetória, nos faz constantemente priorizar a sobrevivência frente aos estudos. É sempre uma luta gigantesca para seguir no direito de estar na universidade (falta computador, lanche, transporte, EPIs etc.).

    O trechoreflete bem a dificuldade real de concluir a graduação, mostrando que, mesmo com muito esforço, o apoio das pessoas ao redor é fundamental. A autora destaca que, além das alegrias e dos elogios, o sistema universitário ainda é injusto, especialmente para mulheres negras. O dado de que apenas 10% das mulheres negras concluem a universidade é chocante e evidencia como a luta vai além dos estudos, envolvendo questões básicas como transporte e alimentação. É um lembrete de que a jornada acadêmica é cheia de desafios que muitas vezes passam despercebidos.

  • Sarah Carlosmembuat kutipan4 bulan yang lalu
    Infelizmente isso é muito comum com as pessoas brancas, esse cuidado que precisa de plateia, precisa ser visto em todo canto, para demonstrar o quanto aquela pessoa é antirracista. Não é sobre a ação em si, é sobre o que aquela ação agrega a ela.

    Pessoas brancas costumam querer essa aprovação, precisam ser vistos como "os brancos salvadores". Como a autora diz, eles não se importam com a causa, mas sim com os benefícios que ela traz a eles, não se interessam com o combate ao racismo, querem somente a linda imagem que ganham quando fingem lutar por uma causa tão séria.

  • Sarah Carlosmembuat kutipan4 bulan yang lalu
    A nossa ancestralidade não é de sacrifícios singulares, mas de lutas coletivas. Quem glamorizou o sofrimento negro certamente não era um de nós.

    Essa frase carrega muita força e verdade. Ela destaca que nossa ancestralidade é marcada por lutas coletivas, e não por um sofrimento isolado. Quem tenta romantizar o sofrimento negro claramente não viveu essa realidade, porque nossa história é de resistência e união, e não de sacrifício glorificado.

  • Sarah Carlosmembuat kutipan4 bulan yang lalu
    Aprendi ainda que nesse meio progressista de luta, nós, pessoas negras, precisamos ter o máximo de cautela, pois o jovem branco revolucionário é lido pelo Estado como inconsequente, enquanto o negro é lido como criminoso. Nesse ato vi muitos meninos pretos detidos, e isso me ligou um grande sinal de alerta de que podemos estar no mesmo mar, mas não estamos no mesmo barco; uns estão fazendo a travessia de iate, enquanto muitos dos nossos estão se deslocando a braçadas. I

    Não querem que a gente se revolte, esperam nosso silêncio e que aceitamos toda migalha que nos é oferecida. O estados vê pretos e favelados em busca de uma revolução, como um perigo a estrutura racista que sustenta o nosso país.

  • Sarah Carlosmembuat kutipan4 bulan yang lalu
    Fiquei refletindo e lembrei que, quando o professor Bira cobriu as férias do professor de filosofia, a gente estudou sobre um negócio chamado necropolítica. Que é um projeto de política feito pelo Estado. Isso significa que bairros como o meu refletem as tensões da sociedade: ruas duras, sem natureza, esgotos a céu aberto, casas sem cores, sem reboco, “penduradas” em barrancos, ruas de terreno baldio; como se a desimportância social do cenário refletisse um pouco a desimportância das nossas vidas. O que é bem pesado e me fez pensar ainda mais na vida. Fiquei pensando nesse contraste entre os bairros e em como eu estou cansada disso tudo, mesmo tendo só dezessete anos. Você não se cansa?

    Viver em favelas, é viver a beira da sociedade. Somos tratados como se nossa vida valesse menos, como se nossa saúde, educação e alimentação, não importasse. Assim como fomos "abandonados" em comunidades em 1888, estamos ainda abandonados em 2024.

  • Sarah Carlosmembuat kutipan4 bulan yang lalu
    Ele é o típico moleque alto e forte, tão bonito que até as minas brancas querem ele. Lélia Gonzalez já falou disso, foi sobre as mulheres, mas cabe aqui dizer que ele é hipersexualizado, sabe? Tipo, ninguém espera muito dele além de um bom rendimento no esporte. Geral vive passando a mão nos músculos do garoto, brincam dizendo que querem ver se é de verdade. Fazem isso sem consultá-lo, é como se fosse um corpo público. Acho que tem um fator colorista aí também, ele é da minha cor, não sei se ele fosse retinto como você seria sucesso universal na escola assim. É bem bizarro, ele parece achar isso o máximo, mas espero que no futuro ele abra os olhos.

    Homens negros são vistos como um objeto de desejo, algo para se ter um caso e nada mais! São hipersexualizados e cobrados uma masculinidade extrema, não podem expor sentimentos ou ser sensíveis. Homens negros são cobrados desde cedo para serem "brutos", firmes como rocha, principalmente pela sociedade racista em que vivemos onde lutamos pela nossa sobrevivência, demonstrar fragilidade, na mente da maioria dos homens negros, é como desenhar um alvo em suas costas.

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